- outubro 31, 2013
- por Qualit
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O selo de certificação do FSC, que garante que a madeira foi produzida de forma sustentável, não é uma novidade. Ele existe desde 1993 e já é adotado em vários setores, como na produção de papel e móveis. Mas a adoção da certificação na construção civil, um dos setores que mais consomem madeira, ainda é baixa. Das cerca de mil empresas que trabalham hoje com certificação FSC, só 20 são da área da construção civil, e estudos mostram que há potencial para fornecer cinquenta vezes mais madeira certificada do que o setor comprou no último ano.
O grande problema é que a madeira certificada não consegue concorrer com os preços no mercado interno. Não porque o selo FSC deixa o produto muito caro, mas porque os preços de madeira no Brasil estão distorcidos pelo "falso legal", a madeira retirada de desmatamentos ilegais das florestas brasileiras.
A madeira ilegal não paga imposto, não segue as leis trabalhistas ou a lei ambiental. Quando o "falso legal" entra no mercado, impacta todos os preços. "Hoje, o preço da madeira disponível no mercado não cobre o custo de extração da madeira legal", diz Fabíola Zerbini, Secretária Executiva do FSC Brasil. "É um preço absurdo, porque demonstra que grande parte da madeira disponível não é de origem legal". Essa situação coloca os produtores de madeira certificada em uma posição complicada no Brasil. Eles não conseguem vender no mercado interno, já que seus preços acabam sendo muito maiores, e precisam recorrer à exportação.
A madeira ilegal é vendida graças a um "mercado negro" de autorizações de planos de manejo. O diretor do Ibama Luciano Menezes de Evaristo, responsável pelas operações de fiscalização na Amazônia, já explicou como funciona esse "esquema". O produtor entra com pedido de licenciamento para derrubar a floresta em sua propriedade, dentro das regras do Código Florestal. Quando consegue a licença, ele vende o plano de manejo no mercado negro. Esse plano passa a ser usado para "esquentar" a madeira de desmatamento de áreas protegidas, unidades de conservação e terras indígenas.
Apesar dos problemas, Fabíola acredita que o setor está mudando, e para melhor. Segundo ela, houve um aumento considerável nos debates e negociações entre empresas da construção civil que querem passar por uma transição para adotar uma madeira sustentável. Um avanço concreto começou com a Leed, a principal certificação para prédios e edifícios verdes, que passou a exigir recentemente o uso de madeira certificada. Além disso, alguns bancos já estão cobrando o uso de madeira certificada antes de aprovar financiamentos para empreendimentos. "A mensagem que o setor está passando, nesse momento, é de otimismo. Espero que muito em breve tenhamos as primeiras empresas sustentáveis no setor de construção civil".
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