Empreendedorismo - QUALIT

De acordo com o relatório do GEM – Global Entrepreneurship Monitor 2012, o Brasil conta hoje com aproximadamente 32 milhões de empreendedores. Desse total, em torno de 50% são homens e 50% são mulheres. Quase 80% deles encontram-se na faixa dos 18 aos 45 anos. Em 1999, primeiro ano da pesquisa, a participação das mulheres não chegava a 30%.

O relatório é feito por estimativa e leva em conta todo tipo de negócio: empresas de fundo de quintal ou garagens, autônomos, ambulantes, pequenos, micros, não importa a origem. Se for algo por conta própria, com empresa registrada ou mesmo sem carteira profissional assinada, vale.

O que chamou a atenção no último relatório do GEM foi o aumento do número de empreendedores por oportunidade que atingiu a incrível marca de 69,2% do total, diferente de quando a pesquisa foi iniciada. Naquela época, esse número era de 54% e em 2002, o pior ano, girou em torno de 42%.

De fato, o número de empreendedores por necessidade vem caindo ano a ano, reflexo da melhoria dos resultados econômicos do país. Esses são aqueles que iniciam um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções de trabalho e abrem um negócio a fim de gerar renda para si e para suas famílias.

Apesar de o número de empreendedores estar associado basicamente aos índices de desempenho econômico, a taxa de atividade empreendedora mais importante é aquela baseada em negócios criados por iniciativa própria, onde prevalece mesmo a vontade de empreender.

Nos últimos anos, o sonho dos brasileiros de ter um negócio por conta própria (43,5%) superou bastante o desejo de tentar uma carreira de sucesso em uma empresa (24,7%) ou mesmo o sonho de casar e de formar uma família (16,1%), bem diferente do que aconteceu com nossos pais e avós.

Isso é bom, pois, quando a vontade de empreender prevalece, o negócio tem muito mais chances de prosperar, afinal, por razões óbvias, a busca pela qualidade dos produtos e serviços é um desafio permanente. Para muitos, é vencer ou vencer e isso tem um peso considerável.

Por essas e outras razões é que você ouve com muito mais frequência exemplos e histórias de grandes empreendedores que não tinham alternativa senão prosperar, caso contrário, não teriam criado um negócio de sucesso.

Quando você lê as histórias de Eloy D´Avila, da Flytour, que passou fome e chegou a dormir em bancos de praças, de Steve Jobs, que caminhava dez quilômetros todos os domingos para tomar sopa de graça num templo budista, de Jussier Ramalho, que dormiu durante quase uma semana dentro de um container que se tornou a sua própria banca de revistas em Natal, com medo de a prefeitura lhe tomar o ponto, a sua avaliação muda.

O elevado número de empreendedores registrados pelo GEM não significa muito em termos de espírito empreendedor. Como “viajante” assíduo e conhecedor de negócios em diferentes partes do país, posso afirmar que uma grande parte deles, tanto por iniciativa quanto por conta própria, ainda está longe de incorporar esse espírito.

Steve Jobs queria mudar o mundo através da tecnologia e só parou de pensar nisso quando morreu. Bill Gates pensou no melhor sistema operacional do mundo. Em 1906, há mais de cem anos, os criadores da Montblanc queriam fabricar a melhor caneta do mundo. Akio Morita não sossegou enquanto não colocou o pé nos Estados Unidos, a maior economia do mundo.

Isso quer dizer que, para estar entres os melhores do mundo, é necessário fazer o que ninguém faz ou, pelo menos, ninguém faz melhor do que você, algo que se traduz em qualidade, determinação, respeito ao consumidor, paixão pelo que faz, vontade de prosperar e de servir a um propósito.

Por outro lado, aqui no Brasil, ainda temos de brigar pelos nossos direitos mais básicos como consumidores. Qualquer aumento de demanda faz os atendentes de hotéis ficarem perdidos. Temos que brigar até o fim para corrigir a fatura da conta telefônica. Por vezes, devemos ir à justiça para reivindicar aquilo que é nosso por direito.

Milhares de negócios são criados visando exclusivamente o lucro ou a sobrevivência pura e simples. Não existe a menor preocupação com o consumidor final e algumas empresas chegam ao ponto de encaminhar você, sem o menor constrangimento, para concorrência, pois sabem que a concorrência é tão ruim quanto elas.

Assim sendo, meu amigo, não basta criar um negócio por conta própria e se dizer empreendedor. Empreender requer, acima de tudo, coragem e ousadia para eliminar o que você mais repudia como consumidor: a falta de respeito. Abrir um negócio por conta própria é a coisa mais fácil do mundo. Difícil é honrar os valores que você mesmo defende no posicionamento estratégico do seu negócio.

 

Pense nisso e empreenda mais e melhor!

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